sábado, 28 de maio de 2011

Homenagem

Nobre Andarilho

Cabelo encaracolado, penteado por pente desdentado
Na cabeça a cartola, prende a memória e guarda a esmola
Bigode, barbar a fazer, não pra quem pode, pra quem quer ter
Terno barato, dado, jogado aos trapos de cor preto apagado
Gravata avermelhada bem apertada, amaçada e rasgada
Calça curta de risca sem giz, riscada e segura por um triz
Sapato sobrando espaço, cheio de furos, sem sola nem cadarço
Corpo magrelo com sorriso malandro e olhar profundo e singelo
Nas costas a mala frouxa, vareta serve de bengala e de trouxa
Do lado o cachorro vira-lata, cheio de pulga e pinta na pata
Amizade que apaixona, que não descrimina nem abandona
Bolso amarrotado, sem nenhum centavo nem tostão furado
Dinheiro não tem mais importância, ganância sem relavância
Na condição social, aos olhos do mundo, imundo vagabundo
A nobreza não está na riqueza nem na fútil beleza 
Hulmildade despida de grandeza, bela por natureza






"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos."
Charles Chaplin

Caminho de Liríos


Anseio a liberdade, indignado, sem concórdia
Sofrimento póstumo esse dia, tempos multilados
Ouvindo a aflição gritar, ecoando por toda mente
Carregando a compunção nos bolsos rasgados, remendados
Fardo vazio e corrompido, precendente, doente e demente
Rindo sem sorrir, emudecer e pensar, falar sem mentir
Mentira momentânea, maquinada substancial, marginal
Dito por dizer, ouvido frangido, comovido sem sentir
Concordar por puro respeito, calar por estranho medo
Satisfazendo, sendo escracho, submisso a ordem crucial
Olhos frazinos, cabeça baixa, mãos suadas e peito encolhido
Convicção recíproca, moldada ao oblíquo
Utopia surreal, de imaginário real e artistico
Dissimulado, ordinário, desprovido de estima
A fumaça do cigarro apagado, obstruindo o ponto de vista
Rua sem esquina, cheia de pedras, a calçada é de Lírios
Penumbra arruinada pelo clarão, escondido na multidão 
Vida sem amores, estradas sem flores
Caminhar e sentir o delírio, andar incerto
Braços abertos, deitado no chão



Dissertando
Querendo ser livre, indignado, sem harmonia de vontades
Sofrimento causado no dia passado, que não durou o tempo certo
Aflito querendo gritar, pensando sem parar
Pensando no sofrimento que achou que não passaria novamete
Sentimento vazio e alterado, já sentido, doentio e demente
Rindo a toa, ficando quieto e pensando, falando a verdade
Mentindo na hora, mesmo se já havia pensado na mentira para aquele momento
Falar sem pensar, ouvir e não prestar atenção, fingir estar comovido
Ouvir que está errado, concordar e sentir o contrário
Agradar a outros admitido ter feito o errado, sabendo que era errado
Aparencida física com aquelas sensações
Teve a certeza que o fato ocorreria para o inverso ocorrido, que a esse mesmo pendia nesse lado 
Imaginação do inexistente com fundamentos reais distorcidos
Disfarçando que não era importante e que não se importava
Estava fumando cigarro quando pensava no fato
Rua reta e infinita, com pedras, flores silverstre na calçada
Sol se pondo, ou nascendo, pouca claridade, pessoas em volta
Inventar um sentimento que não sentiu, rua imaginária pessoas também
Imaginar estar andando, delirando
Estar na verdade deitado, vivendo a situção que estava pensando


Mente de diretor e alma de poeta?

Dedico esse poema à Clara Tadayozzi, o esforço, dedicação e talento dessa pequena grande notável é algo digno de reconhecimento e adimiração.

Sorriso de Bailarina

Caminhando devagar, postura reta em um palco torto
As sapatilhas apertadas, os passos calmos e soltos
Os pés, que as pontas dos dedos ostentam o corpo
Cada pensamento, um movimento, a dor, o sofrimento
A respiração, o coração, o silêncio ao negar o olhar
Tantos ensaios, dedicação para aquele único momento
Braços ao vento, os dedos cujo vazio tentam tocar
O giro solitário, sem dificuldade, uma volta completar
Ver tudo sem sair do lugar, a cortesia em reverencia
A perfeição, o triunfo, o sonho, a realização da existência
Orquestra de palmas, como um calor crescente, a euforia
Fim sem tormento, cortinas fechadas, o julgamento
Sorrindo a bailaria realiza a obra, encerra a melodia
O espetáculo.




"Mesmo que mal te conheço, por ti tenho enorme apreço"